
Junta de Freguesia lembra que o valor do mosteiro, propriedade da Câmara Municipal, é incalculável e deve ser preservado urgentemente, Manuel Correia.
Paulo Dâmaso
Fachada de mosteiro com 800 anos ameaça ruir
frontaria do Mosteiro de Santa Maria de Seiça, na freguesia do Paião, concelho da Figueira da Foz, está bastante degradada e ameaça ruir a qualquer momento. O alerta partiu de António França, presidente da Junta de Freguesia local, que lançou um apelo à Câmara Municipal e ao Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR).
“A fachada do convento, tal como todo o edifício, está num estado deplorável. É preciso, com urgência, recuperar e salvar este património, que remonta às origens do próprio país”, apelou o autarca social-democrata.
É rica a história do convento, cujas origens datam do início do século XII, mas os primeiros relatos surgem da altura da formação de Portugal, ainda antes do seu reconhecimento enquanto nação, quando D. Afonso Henriques combatia os Mouros nas redondezas.
Reedificado
A biografia do espaço mistura ainda a Ordem de Cister e o arroz. No mosteiro estiveram, no reinado de D. Sancho I, os frades Beneditinos de Alcobaça.O Convento de Seiça, reedificado no século XVII, caiu em ruínas após a extinção das ordens religiosas (1834), apenas se conservando a remodelada capela octogonal de Nossa Senhora de Seiça, uma ermida numa encruzilhada, talvez um antigo templo a Hermes.
Curiosamente, só essa capela tem a classificação de Imóvel de Interesse Público.
“Todo este é um património com um valor histórico incalculável. Nele está escrita parte da história de Portugal. E, por exemplo, a capela é a única octogonal existente na Península Ibéria”, sublinhou o presidente da Junta de Freguesia .
Completo abandono
Quem chega a Seiça encontra um local mágico, onde a imponência do mosteiro, em ruínas, se mistura com um ecossistema bastante rico, com os campos de arroz, uma ribeira e os seus canais, sapais e algumas zonas pantanosas.
Mas quem procura o convento depara-se com uma imagem desoladora. Vidros e janelas partidos, portas arrombadas e a cobertura destelhada. Enfim, completamente abandonado.
Sem dinheiro para obras
O Mosteiro de Santa Maria de Seiça é propriedade da Câmara da Figueira da Foz. Santana Lopes, então líder da autarquia, adquiriu o espaço por cerca de 225 mil euros, a uma família proprietária do convento desde 1895. O autarca do PSD prometeu uma “intervenção de fundo” no imóvel, mas, quase dez anos depois, as ruínas do convento continuam à mercê da degradação e do vandalismo. “A Câmara também está preocupada com o estado de degradação daquele património, mas o problema é que não temos verbas para proceder aos trabalhos de reabilitação do edifício. São obras bastante avultadas”, disse, ao JN, Duarte Silva (PSD), edil local.”É preciso fazer obras, por mínimas que sejam, para evitar a derrocada da fachada do imóvel”, avisou António França.
Noticia retirada do Jornal de Noticias 24-08-2006
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