Nos passados dias 7 e 8 de Julho, o Município da Figueira da Foz organizou os Encontros de Cultura e Património, nesta primeira edição subordinados ao tema “Mosteiro de Santa Maria de Seiça: Abordagens e Perspectivas”.
Ao longo dos dois dias, dezenas de pessoas ouviram diversos especialistas apresentar as suas teorias e propostas para a preservação/recuperação do monumento.
No seu discurso de abertura, Carlos Monteiro, vice-presidente da autarquia, admitiu que “a temática deste primeiro encontro, sobre o Mosteiro de Seiça, pode parecer à priori de grande incómodo para a câmara municipal, contudo, não é, não pode ser, nossa prática fugirmos de situações menos confortáveis e permitir que assuntos ainda não resolvidos sejam deixados no esquecimento”. Carlos Monteiro considerou que “não é aceitável existir um Monumento, com a importância que o mosteiro de Seiça possui, e não se tentar intervir. E, embora as finanças da câmara atravessem uma fase muito difícil, e não seja viável, na conjuntura actual, libertar verbas para a recuperação deste monumento, com certeza que no final deste encontro todos sairemos com a convicção de que algo se há-de fazer e de que não pode ser política dos portugueses desistir sem tentar até à exaustão”.
O vereador lembrou ainda que “há cerca de um ano, e com o actual executivo já em funções, iniciamse os contactos com a Associação Portuguesa de Cister e com as delegações portuguesas da UNESCO e da World Monuments Fund (organização nova-iorquina, dedicada à preservação de sítios e monumentos de importância histórica mundial e que se encontram em risco de conservação), tendo em vista soluções de reabilitação e requalificação do imóvel”.
Mais recentemente, avançou ainda “e de maneira informal, iniciaram-se também contactos com investidores hoteleiros, na perspectiva da recuperação do Mosteiro de Seiça, que é desejável e urgente, tendo em conta tão importante património histórico e cultural”.
Os trabalhos culminaram com uma visita ao Mosteiro de Seiça, cujo estado de ruína levou alguns participantes a considerarem-no “uma vergonha nacional”, pedindo à autarquia “que seja mais proactiva”.
Entre outras, destaque-se a opinião de Vítor Cóias, presidente do GECoRPA, que elogiou a iniciativa destes Encontros, considerando que “conhecer já é começar a preservar”. Ao lado de Vítor Cóias, o vereador da Cultura, António Tavares, concordou com a perspectiva apresentada, defendendo que o caminho passa por “não perder os valores historicamente associados ao monumento, regulando o interesse privado e nunca perdendo de vista o interesse colectivo”.
A concluir o certame, José Aguiar, vice-presidente do ICOMOS, deu exemplos – bons e maus – de conservação e restauro. “A boa intervenção (no património) é aquela que quase não se vê, mal se nota, mas preserva para o futuro”, disse.
Nas conclusões, António Tavares considerou terem sido atingidos os principais objectivos destes Encontros: “divulgar a história por detrás destas ruínas e reflectir sobre soluções de reabilitação compatíveis com os princípios do desenvolvimento sustentável, ambicionando o debate de ideias sobre a salvaguarda, a manutenção e a gestão do património cultural em geral, como via para a sustentabilidade e competitividade das regiões”.
Excerto da Notícia do jornal “O Figueirense” – Edição de 15 de Julho de 2011
http://www.ofigueirense.com/seccao.php?id_edi=241&id_sec=4
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