Os monumentos começam a ser revalorizados pelas populações residentes nas imediações, reconhecidos como importantes para o desenvolvimento da região, consequência da atenção que recebem do exterior. São os habitantes das aldeias e vilas próximas do Mosteiro de Seiça que reivindicam do poder político-administrativo, como se está a verificar, pela sua conservação e divulgação.
Verifica-se por parte de alguns elementos da comunidade, a consciência da necessidade de conservação do mosteiro para que as gerações futuras possam conhecer o passado. Reconhece-se, assim, implicitamente o seu valor rememorativo. Parece existir uma relação estreita entre os conceitos do tempo e as atitudes para com a cultura material. Sem dúvida, ao conceber o Mosteiro de Seiça numa perspectiva rememorativa, afetam-se noções ligadas à sua conservação e divulgação do património. Reivindica-se a sua profundidade histórica do mesmo modo que a sua abertura ao exterior.
Com a iniciativa da Associação dos Amigos do Mosteiro de Seiça, com a exposição levada a efeito no CAE, define-se assim um espaço permeável, de encontro e troca de discursos sobre o monumento e o passado, provenientes de diferentes esferas culturais, com interessantes expressões na reconfiguração de memórias e identidades na nossa sociedade contemporânea. Neste contexto, o Mosteiro de Seiça poderia transformar-se em espaço de lazer e de atracão turística proporcionando experiências de evasão, recriação de cenários passados, estetização da paisagem e reconfiguração das identidades, respondendo a novas necessidades contemporâneas.
Não temos dúvidas, é da relação com o lugar histórico, monumento e ruínas, que os indivíduos retiram elementos para darem sentido e se situarem no mundo contemporâneo. Capaz de estimular e seduzir os sentidos, mediando universos do imaginário individual e coletivo, o Mosteiro de Seiça e suas ruínas abrem-se numa pluralidade de formas de perceção e de apropriação – estimula a construção de novas narrativas sobre o passado e lugares da nossa região.
Torna-se, assim, indispensável a construção de um espaço de trabalho, entre textos e leituras, no sentido de compreender a importância da conservação do Mosteiro de Seiça – antes que seja irremediavelmente tarde!
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Obrigado a todos os que têm gostado e partilhado o meu escrito e a minha foto. É para mim orgulho e honra, todo o vosso carinho. Estudioso do Couto de Seiça e do seu Mosteiro, continuarei a dedicar parte do meu tempo a esta causa. Espero, muito em breve, ver publicado um livro em formato A4 e bastante volumoso – “Terras ao Sul do Mondego até à Praia do Pedrógão – Ecos da História” – onde terá um capítulo extenso sobre o Couto de Seiça, Capela e Mosteiro de Seiça. Este livro abrange 11 freguesias, a saber: 6 do sul do concelho de Figueira da Foz – Alqueidão, Borda do Campo (extinta por agregação ao Paião, mas que mantenho para memória futura), Lavos, Marinha das Ondas, Paião e S. Pedro da Cova/Gala -; 3 do concelho de Pombal – Carriço, Guia e Louriçal -; 2 do concelho de Leiria – Coimbrão e Monte Redondo. Um estudo desde a idade pré-romana até aos nossos dias.
Texto e foto de Manuel Cintrão
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